ERA UMA VEZ...
Um belo dia para escrever e contar histórias.
No céu, trovão e relâmpago iniciaram uma conversa:
— O que faremos hoje, ao amanhecer do sol?
Ombela, esquecida na prosa, entristeceu-se, os seus olhos brilhantes nublaram-se, uma lágrima solitária escorreu pela face, logo desabou em lágrimas.
O trovão, ao tentar apaziguar, estrondou tão forte que assustou.
O relâmpago, então, veio clarear as ideias, iluminando o céu.
Zeus sorriu satisfeito, enquanto Thor fazia ecoar as suas trombetas, anunciando um novo ciclo dos planetas.
As cores tornaram-se mais vivas, vibrantes, um azul no céu profundo misturava-se com o dourado do sol nascente, enquanto o verde-esmeralda das folhas dançavam ao vento.
O ar renovou-se.
O mar, no entanto, havia perdido os seus peixes por conta da ganância humana, nas pescarias desenfreadas.
Diante da grandiosa arquitetura do universo, Poseidon uniu-se a Éolo, rei das tempestades, para participar do evento cósmico. Mesmo na fúria dos astros, surge a bondade e como presente dos deuses, novas vidas marinhas surgiram, trazendo cores e alegria ao majestoso oceano.
Na terra os animais recolheram-se, diante das decisões de Zeus, aguardavam a tempestade passar.
Os pássaros, por sua vez, aproveitaram o choro de Ombela para se banhar.
Enquanto observava, percebi que não era apenas o céu que se transformava. Algo na terra também parecia responder ao chamado do firmamento.
As folhas das árvores dançavam ao ritmo do vento de Éolo, como se soubessem que uma nova era estava se desenhando. Pequenos riachos, alimentados pelo pranto de Ombela, ao ver a tristeza pairar sobre a terra, formando assim um novo o percurso nos rios que serpenteavam pela terra ressequida, trazendo vida onde antes havia aridez.
Zeus, satisfeito com a obra em curso, lançou um olhar atento aos humanos. Quantos perceberiam a grandiosidade do momento? Quantos compreenderiam que as tempestades não vêm apenas para destruir, mas para renovar?
Eu, sentada em uma espreguiçadeira, com uma xícara de café quente entre as mãos, contemplava esse espetáculo divino, dando asas à imaginação de uma criança que habita um espírito antigo.
No céu, o trovão riu alto, animado com a sua própria força. O relâmpago, sempre inquieto, desenhava fendas luminosas no firmamento. E Ombela, agora mais serena, deixava as suas últimas gotas escorrerem suavemente, como um adeus sussurrado.
Dois deslumbrantes arco-íris transluziam no horizonte.
Era um novo amanhecer.
E eu seguia a contemplar, pois, algumas histórias não precisam ser contadas—basta senti-las.
Apenas uma história de quem não tinha nada para fazer e se encanta com a natureza e o universo.
C. Caldas.