O BEBÊ CAMALEÃO
Hoje, um visitante inesperado cruzou meu caminho: um filhote de camaleão, tão pequeno e tão valente, se aventurando dentro de casa. Caminhava em direção ao meu quarto, mas, para protegê-lo de um ambiente que não era o seu, fechei a porta suavemente.
Aproximei-me com cuidado, segurando-o como quem segura um pequeno tesouro. Ele não se intimidou; ao contrário, encheu o papo, revelando sua bravura em meio à vulnerabilidade de ser tão jovem. E então, como num ato de confiança, sua pele se tingiu de um tom de verde, mostrando a beleza pura da adaptação.
Levei-o até o quintal, ao encontro da natureza que lhe pertence. Escolhi a mangueira, árvore que neste tempo exala vida, carregada de mangas doces e folhas frescas. Ali, o soltei, desejando que ele cresça livre, que a coragem que demonstrou hoje o acompanhe na jornada da vida.
Enquanto o via sumir entre os galhos, pensei no quanto podemos aprender com algo tão simples. O camaleão, mesmo tão pequeno, nos ensina sobre a força que habita na fragilidade, sobre a importância de estar no lugar certo e de respeitar o espaço do outro. Assim como ele encontrou liberdade na mangueira, nós também devemos buscar crescer onde há espaço para sermos nós mesmos, sem precisar camuflar nossa essência.
Que ele prospere entre os ventos e as folhas, e que nós aprendamos a cuidar, a respeitar e a libertar o que amamos.
C. Caldas